GeGeGe no Kitarō (ゲゲゲの鬼太郎) é uma franquia multimídia iniciada em 1960 pelo mangaká Shigeru Mizuki. É mais conhecida por popularizar as criaturas folclóricas conhecidas como yōkai, uma classe de espíritos-monstros à qual pertencem todos os personagens principais. O enredo central segue Kitarō, um garoto da Tribo Fantasma nascido em um cemitério, e as aventuras e batalhas que ele tem com vários yōkai de todo o Japão.
Tendo a sua origem em um kamishibai em 1954, o personagem principal e seu universo apareceram em várias mídias, como mangás, animes, romances, live-action, peças teatrais e videogames.
A frase "GeGeGe" é originada do apelido de infância de Mizuki, GeGe (pronuncia-se: "Guê-Guê"), que lhe foi dado pois ele tinha dificuldade em dizer seu próprio nome, ficando preso no meio da sílaba "ge".
Visão geral[]
GeGeGe no Kitarō enfoca o jovem Kitarō - o último sobrevivente da Tribo Fantasma - e suas aventuras com outros fantasmas e criaturas estranhas da mitologia japonesa. Junto com: os restos mortais de seu pai, Medama-Oyaji (um fantasma mumificado reencarnado no seu globo ocular); Nezumi-Otoko (o homem-rato); Neko-Musume (a menina-gato); e uma série de outras criaturas folclóricas; Kitarō se esforça para unir os mundos dos humanos e yōkai.
História[]
Kamishibai[]
De 1933 a 1935, um kamishibai criado por Masami Itō, intitulado como Hakaba Kitarō (ハカバキタロー), uma adaptação da lenda de Kosodate-Yūrei, tornou-se bastante popular, superando até mesmo Ōgon Bat (conhecido no Brasil como Fantomas).
Em 1954, Mizuki estava trabalhando como um artista de kamishibai quando seu chefe solicitou que ele produzisse algumas histórias baseadas no personagem de Itō.[1] Com o consentimento de Itō, ele fez quatro histórias: "Homem-Serpente", "Karatê Kitarō", "Galois" e "Mão Fantasma". Essas histórias introduziram alguns conceitos que seriam reaproveitados futuramente, como o nascimento de Kitarō em uma sepultura, a ausência do seu segundo olho ("Homem-Serpente") e o personagem Medama-Oyaji ("Karatê Kitarō"). No entanto, nenhuma dessas histórias além de "Karatê Kitarō" emplacou com o público, e a produção foi encerrada. Embora as imagens das histórias de Mizuki não existam mais, uma cena do original de Itō foi incluída no livro de Koji Kata, A História dos Espetáculos Kamishibai.
Mangá de aluguel[]
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Shōnen Magazine[]
Em 1965, a Weekly Shōnen Magazine (Kodansha) estava em dificuldades com as suas vendas sendo menores em comparação a sua rival, Weekly Shōnen Sunday (Shogakukan). Com a renuncia do editor-chefe Hideji Ioka, o editor Masaru Uchida procurou Mizuki para ajudar no aumento das vendas com uma versão de Kitarō voltada para o público infantil, e assim, o primeiro capítulo de Hakaba no Kitarō, "Mão", foi publicado em agosto do mesmo ano. Inicialmente a série não conseguiu se manter relevante devido às suas publicações irregulares e foi colocada em um hiato após três capítulos. No entanto, no final das férias de verão, cartas de leitores na época incentivaram a continuação das publicações, evitando o seu cancelamento.[2]
De acordo com Uchida em seu livro, A Ideia da Singulariadade, era complicado para um personagem como Kitarō ganhar a simpatia do público e, por causa disso, seu colega Ryōtoku Watanabe (que era diretor do departamento televisivo da Toei) sugeriu alterações na atmosfera e narrativa do mangá, usando como exemplo o sucesso do live-action de Akuma-kun, baseado em outra criação de Mizuki.[3]
A partir de 1967 as publicações da série passaram a ser regulares. O conteúdo também mudou, deixando de se apresentar como "suspense" para se adequar a demografia "shōnen", tranformando Kitarō em um "herói que extermina os maus yōkai", o que ajudou na notoriedade da série. Nesse período a palavra "yōkai" passou a ser usada com maior frequência. Foram publicados alguns remakes dos capítulos do mangá de aluguel, como "Vampiro Elite" (remake de "Johnny na Neblina"), "Onmoraki" (remake de "Um Estranho Companheiro") e "Oboro-Guruma" (remake de "Eu Sou um Calouro"). A história "A Grande Guerra Yōkai" foi a primeira a apresentar a Família Kitarō, formada por Sunakake-Babaa, Konaki-Jijii, Ittan-Momen e Nurikabe, acompanhando Kitarō.
A boa recepção estável fez com que o mangá fosse adaptado para uma série animada em 1968. O título foi alterado para GeGeGe no Kitarō a partir do capítulo "Yōkai Keukegen", visando atrair patrocinadores para a série.[2] O lado heróico de Kitarō foi enfatizado e, em 1968, o mangá já estava sendo publicado em outras cinco revistas, como Bokura e Tanoshii Yōchien.
Paralelamente às publicações na Kodansha, as histórias do mangá de aluguel começaram a ser relançadas na Garo e Seirindō, sob o título de Contos Noturnos de Kitarō. Os capítulos foram redesenhados com algumas alterações nos roteiros. Na revista Hōseki, foi publicada a série Kitarō na Guerra do Vietnã, apresentando Kitarō lutando ao lado dos vietcongues contra o exército americano. Nesse último mangá, Mizuki ficou responsável apenas pela ilustração enquanto os roteiros eram escritos por Mamoru Sasaki e Nobuyuki Fukuda.
Em 1969, o mangá da Shōnen Magazine foi encerrado em seu ápice. Um epílogo entitulado "Após GeGeGe no Kitarō" foi publicado no ano seguinte.
Continuações e spin-offs[]
Mesmo com o final do mangá e do anime, a fama de Kitarō não diminuiu e uma nova série foi publicada na Weekly Shōnen Sunday (Shogakukan), mas tarde adaptada no novo anime em 1971. Neste mangá, Kitarō é um hóspede do Apartamento Yōkai de Sunakake-Babaa, e mais outros yōkai se juntam a Família Kitarō. Ele ganha uma namorada chamada Nekoko, uma garota humana que consegue se transformar em um bake-neko, que o acompanha nas suas aventuras (ela é substítuida por Neko-Musume no anime). Os capítulos dessa série também foram publicados nas revistas educacionais da Shogakukan.
No último capítulo da Shōnen Sunday, é Kitarō engolido por Yakanzuru mas é incapaz de fugir por sete anos,[4] mas dois anos depois, se inicia a publicação de Kitarō e Nezumi-Otoko, uma série curta e a cores com um forte tom satírico.
No ano seguinte, em 1974, a Gakken publicou o mangá de dois volumes Shinigami Tai-Senki, baseado no texto budista Ōjōyōshū e escrito por Kiyoshi Miyata. É considerado uma sequência de GeGeGe no Kitarō e narra Kitarō lutando contra os yōkai do Inferno.
Em 1976, a Shōnen Action (Futabasha) publicou Tour Fantasma Mundial de Kitarō, com a Família Kitarō desempenhando um papel ativo contra os yōkai de outras partes do mundo. Entre 1976 e 1977, foram lançados alguns one-shots, como Kitarō vs. Akuma-kun e Yōkai Lockheed|.
De 1977 a 1978, a Shukan Jitsuwa (Nihon Journal Publishing) publicou as séries Zoku GeGeGe no Kitarō, Shin GeGeGe no Kitarō: Temporada Esportiva e Shin GeGeGe no Kitarō. A primeira apresenta Kitarō como um estudante secundarista que usa um suéter listrado no lugar do chanchanko. É uma obra singular dentre as outras, pois o seu conteúdo é voltado para um público mais velho. Segundo o editor da Shukan Jitsuwa, ele não estava confortável com histórias mais adultas envolvendo Kitarō devido à sua fama com o público infantil, porém ele considerou que os fãs que acompanharam a série da Shōnen Magazine nos anos de 1960 já eram estudantes universitários e, portanto, o público alvo do mangá. Mizuki procurava se afastar da imagem de Kitarō como um herói infanti, no entanto, mais tarde, ele declarou arrependimento por "trazer sexo para Kitarō" e corrigiu o erro em Temporada Esportiva ao fazer Kitarō voltar a ser uma criança. Na segunda série, Kitarō é privado de poderes sobrenaturais e se torna um lutator de sumô e, posteriormente, um jogador de beisebol. A terceira série marca o retorno do status quo, reapresentando Kitarō como um herói que luta contra outros yōkai. Além disso, a adição de elementos de ficção científica levou a mais confrontos com alienígenas, e o conteúdo adulto foi mais suavizado. Em 1977, junto com as publicações da Shukan Jitsuwa, a Manga Sunday (Jitsugyo no Nihon Sha) publicouSérie de Desafios GeGeGe no Kitarō, composta por três histórias.
Em 1980, o mangá Ōbora Kitarō foi publicado na Monthly DonDon (Nihon Journal Publishing), enquanto a Shōnen Magazine publicou o one-shot Umibōzu-sensei. No mesmo ano, a Shōnen Poppy (Shonen Gahosha) lançou Yuki-hime-chan e GeGeGe no Kitarō, marcando a volta do personagem nas revistas para meninos. Esse último mangá gira em torno da irmã caçula de Kitarō, sendo esta a sua única aparição. A série mostrava o desenvolvimento da personagem, porém sua publicação foi descontinuada.
Tendências posteriores[]
No início da década de 1980, a popularidade de GeGeGe era reconhecida mesmo entre as crianças que não acompanharam a transmissão original dos animes. O segundo anime exibido em 1971 foi reprisado repetidamente à noite em áreas ruais e durante as férias de verão e inverno. Sob esse cenário, no verão de 1985, um especial em live-action de GeGeGe no Kitarō foi exibido no Monday Drama Land da Fuji TV, e um novo anime estreou em outubro do mesmo ano. O terceiro anime foi um dos mais assistidos devido aos vínculos com fabricantes de brinquedos e uso dos personagens em produtos alimentícios. O mangá Saishinban GeGeGe no Kitarō começou a ser publicado pela Comic Bom Bom (Kodansha) ao mesmo tempo da transmissão do anime. O mangá destaca o confronto entre Nurarihyon e a Família Kitarō, porém Mizuki não participou da produção, isso ficou a cargo do seu estúdio, Mizuki Production.
Em 1986, a Weekly Shōnen Magazine retorna com as suas publicações das histórias de Kitarō em uma nova série, Shinpen GeGeGe no Kitarō (o título "Shinpen" foi adicionado nos lançamentos em volumes). Shinpen trouxe de volta a fórmula do "yōkai da semana" e muitas das histórias foram adaptadas para o terceiro anime. O yōkai Shisa se torna o novo membro da Família Kitarō e aparece regularmente tanto no mangá quanto no anime. Em 1987, Arco do Kitarō no Inferno foi publicado na Monthly Shōnen Magazine, narrando a história de Kitarō viajando ao inferno para encontrar a sua mãe.
O terceiro anime foi reprisado repetidas vezes após o seu encerramento, o que garantiu que a notoriedade da franquia não diminuisse. Em 1990, Kitarō Kunitori Monogatari começou a ser publicado na Comic Bom Bom/Deluxe Bom Bom. O mangá descreve a batalha de Kitarō contra o império subterrâneo Mu, sendo uma sátira da época do colapso da bolha financeira no Japão. Nesse período surgiu a possibilidade de um novo anime, que serviria como uma sequência da série anterior de 1985. Ela seria baseada na "versão BomBom" e em Yōkai Fushigi Hanashi, publiicada na TV Magazine (Kodansha), mas devido a várias circunstâncias, o projeto foi descartado.
O projeto foi retomado mais tarde, pela demanda maior por histórias de fantasmas ao público infantil, e o quarto anime estreou em 1996, planejado como uma versão mais fiel às histórias originais. Nenhum mangá foi destinado a acompanhar a exibição do anime. Na Comic Bom Bom foi publicado Especial GeGeGe no Kitarō: Batalha Yōkai, com ilustrações que apresentava a Família Kitarō lutando contra os yōkai estrangeiros.
No mesmo ano, foi lançado na Big Gold (Shogakukan) o primeiro capítulo da série Kitarō Reidan, "Associação da Irmandade Abe". A Família Kitarō, chamada de "Grupo Espiritual Kitarō", era um grupo que agia de acordo com as instruções dos bons espíritos, a fim de manter o equilíbrio na terra. O mangá foi cancelado em razão dos direitos autorais dos personagens. O segundo capítulo, "Yōkai do Assédio Sexual Iyami", foi publicado em duas partes em 1997 na Manga Sunday.
Nos anos 2000, vários projetos foram propostos para comemorar o 80º aniversário de Mizuki. Em 2004, começa a publicação de Mil Contos Yōkai, escrita por Mizuki e ilustrada por Ryūichi Hoshino. Em abril de 2007, o primeiro filme em live-action foi lançado nos cinemas e se tornou um sucesso de bilheteria. O quinto anime estreou no mesmo mês.
Após da morte de Shigeru Mizuki[]
Um novo mangá de GeGeGe no Kitarō estava sendo desenhado pelo próprio Mizuki, mas com o seu falecimento em 2015, o trabalho ficou inacabado. Apesar disso, a Mizuki Pro continua trabalhando em ilustrações dos seus personagens para vários eventos e produtos.
Não houveram grandes destaques após o término do quinto anime em 2009. A Família Kitarō fez uma participação no filme Yo-kai Watch Shadowside: Oni-ō no Fukkatsu, lançado em 2017. No ano seguinte, no quinquagésimo aniversário da estreia do primeiro anime de 1968, foi anunciada uma nova adaptação comemorativa que estreou em abril.
O sexto anime foi bem avaliado. Em 2018, um novo mangá de Shigenobu Matsumoto começou a ser publicado sazonalmente na revista CoroCoro Comic (Shogakukan). Com base em histórias rascunhadas pelo próprio Mizuki, a Mizuki Pro publicou dois one-shots, Gama-Bōzu de Iwato e A Batalha do Mte. Atago, respectivamente em 2018 e 2019.
Mídias[]
Mangás[]
Séries em anime[]
Filmes animados[]
Live-actions[]
Videogames[]
Análise[]
Fora do Japão[]
Títulos de GeGeGe no Kitarō em outros idiomas:
- Coreano: 요괴인간 타요마 (Tayoma o Garoto Yōkai)
- Espanhol: Kitaro
- Francês: Kitaro le Repoussant (Kitaro, o Repulsivo)
- Inglês: Kitaro ou Spook Kitaro (Kitaro Horripilante)
- Italiano: Kitaro dei Cimiteri (Kitaro do Cemitério)
- Mandarim: 少年英雄鬼太郎 (O Garoto Herói Kitarō)
- Tailandês: คิทาโร (Kitarō)
Ver também[]
Referências
- ↑ HIRABAYASHI, Shigeo. Mizuki Shigeru to Kitarō Hensen Shi. Japão: Yanoman, 2007. 480 p. ISBN 4903548058.
- ↑ 2,0 2,1 OSHITA, Eiji. 日本ヒーローは世界を制す [Os Heróis Japoneses Dominam o Mundo]. Tóquio: Kadokawa Shoten, 1995. p. 117. ISBN 4048834169.
- ↑ UCHIDA, Masaru. 「奇」の発想―みんな『少年マガジン』が教えてくれた [A Ideia da Singularidade - Todos Aprenderam com a Shōnen Magazine]. Japão: Sangokan, 1998. 317 p. ISBN 4883201465.
- ↑ GeGeGe no Kitarō: Demônio Buer (1971)